
O Brasil é o país com a maior população negra fora da África e, ao mesmo tempo, lidera mundialmente nos índices de violência
contra pessoas LGBTQI+. Essa realidade expõe uma ferida histórica que ainda carece de cura: a exclusão sistemática de grupos racializados, de gênero e sexualidade diversas, especialmente quando
se cruzam.
Tópico Principal:
A maior Parada LGBTQI+ do mundo enfrenta retrocessos em meio à luta por inclusão autêntica.
1. Intersecções entre raça, gênero e sexualidade no Brasil
O Brasil tem mais de 100 milhões de pessoas negras, representando 56% da população. Dentro dessa maioria, as mulheres negras enfrentam as piores estatísticas: são as mais afetadas pelo desemprego, violência doméstica e exclusão de políticas públicas.
A situação se agrava quando consideramos negras e negros LGBTQI+, especialmente os jovens, principais vítimas de uma violência estrutural que mistura racismo,
homofobia, transfobia e desigualdade social.
Essa combinação letal mostra que a luta por igualdade não pode ser fragmentada. O enfrentamento ao racismo e à LGBTfobia deve caminhar lado
a lado, reconhecendo os múltiplos marcadores sociais que tornam certos corpos mais vulneráveis que outros.
2. A potência econômica da comunidade LGBTQI+ e o caso da Parada de São Paulo
A Parada do Orgulho LGBTQI+ de São Paulo é a maior do mundo, reunindo em média 3 milhões de pessoas a cada edição. Mais que um ato político, é também um motor econômico para a cidade, movimentando o comércio, turismo
e serviços.
Com isso, a presença de grandes marcas e do poder público tornou-se comum. No entanto, o apoio institucional nem sempre é sinônimo de compromisso verdadeiro com as pautas da comunidade. Muitas empresas aproveitam a visibilidade do evento para fazer "pinkwashing",
ou seja, ações de marketing com bandeiras coloridas, mas sem políticas reais de inclusão e diversidade interna.
3. Retrocessos na era Trump e o impacto no Brasil
O cenário internacional também influencia o comportamento local. Durante os anos da chamada "era Trump", marcada por um discurso conservador e contrário à diversidade, houve um efeito cascata em outras democracias — inclusive na brasileira.
Isso contribuiu para uma retração no número de empresas patrocinadoras da Parada LGBTQI+ de São Paulo. Enquanto em 2019 cerca de 50 empresas
estavam presentes, em 2023 o número caiu para 20 — e muitas delas com participação superficial e sem compromisso concreto com a causa.
4. A urgência da inclusão autêntica
A retirada do apoio empresarial ao movimento LGBTQI+ não é apenas uma questão simbólica. Ela reflete uma ausência de comprometimento social, prejudica a visibilidade da causa e impacta diretamente a saúde mental e emocional da comunidade.
Mais do que slogans publicitários, é essencial que as empresas implementem ações internas contínuas, como:
- Programas de inclusão e diversidade com indicadores reais
- Representatividade nas lideranças
- Treinamentos de combate à discriminação
- Apoio a projetos sociais ligados à causa LGBTQI+ e antirracistas
A inclusão precisa sair do discurso e entrar na prática.
5. O papel da sociedade e da mídia na transformação
A transformação não depende apenas do setor privado. A sociedade civil e a imprensa têm um papel fundamental ao amplificar vozes diversas,
denunciar retrocessos e apoiar ações reais de mudança.
É por isso que o portal Paparazzi Brasil segue comprometido em dar visibilidade às lutas por direitos humanos, dignidade e respeito — com foco especial
nas intersecções entre raça, gênero e orientação sexual.
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