
Desde os anos 1970, uma pergunta gera debates acalorados entre fãs de música: quem foi o primeiro grupo a pintar o rosto — o brasileiro Secos e Molhados ou os americanos
do Kiss? A polêmica voltou à tona com o lançamento de Homem com H, cinebiografia de Ney Matogrosso, dirigida por Esmir Filho.
A origem do visual maquiado
Ney Matogrosso sempre negou qualquer influência do Kiss. Segundo ele, a inspiração para o visual dos Secos e Molhados veio do kabuki, teatro japonês tradicional, com maquiagem branca e preta estilizada.
“Eu comecei [a me maquiar] baseado no kabuki... Fiz uma cara para mim. Eles usavam maquiagem colorida, eu fazia a minha só em preto e branco”, explicou Ney ao portal Paparazzi Brasil.
O Kiss e o marketing visual
Enquanto isso, em Nova York, Gene Simmons e Paul Stanley formavam o Kiss, uma banda que unia rock pesado, efeitos especiais e um apelo visual marcante. Cada integrante representava um personagem:
- Starchild (Paul Stanley): estrela do rock;
- Demon (Gene Simmons): figura sombria, quase teatral;
- Space Ace (Ace Frehley): viajante do espaço;
- Catman (Peter Criss): o felino misterioso.
O Kiss foi visto com maquiagem pela primeira vez em março de 1973, enquanto o álbum de estreia dos Secos e Molhados, com capa icônica dos músicos maquiados, foi lançado em junho do mesmo
ano.
Antes dos dois: Bowie, Cooper e Arthur Brown
Vale lembrar que David Bowie, Alice Cooper e o excêntrico Arthur Brown já usavam maquiagem nos palcos antes mesmo de Kiss e Secos e Molhados. Mas foram esses dois grupos que eternizaram o visual como parte da identidade artística.
Ney vs. Kiss: provocações e negações
Em entrevista ao portal Paparazzi Brasil, Ney relembrou que, em 1974, empresários americanos sugeriram levá-lo aos EUA, mas com um som mais pesado. Seis meses
depois, o Kiss surgiu com maquiagem semelhante. Coincidência?
Gene Simmons desdenhou:
“Essa história é como acreditar em discos voadores.”
Paul Stanley foi direto:
“Nunca ouvimos falar dessa tal banda.”
Contextos distintos
A realidade de cada grupo era oposta. O Kiss surgiu em uma cena underground de Nova York e virou fenômeno global com apoio do marketing. Já o Secos e Molhados enfrentou a repressão da ditadura
militar no Brasil, transformando sua estética em ato político.
“Ser artista naquela época era tão arriscado quanto ser militante”, lembrou Ney Matogrosso ao portal Paparazzi Brasil.
O grupo vendeu mais de 300 mil cópias do primeiro disco e lotou teatros em turnês pelo país, mesmo sendo constantemente vigiado pelo DOPS e recebendo ameaças.
Made in Brazil: uma nova peça no quebra-cabeça?
O vocalista da banda Made in Brazil, Oswaldo Vecchione, reacendeu a polêmica recentemente, afirmando que seus integrantes já usavam maquiagem em 1969, antes dos Secos e Molhados ou Kiss.
“Quando saiu o disco deles, parecia que estavam usando as nossas maquiagens”, revelou.
E afinal, quem foi o primeiro?
Embora o Secos e Molhados tenha sido formado antes do Kiss, é difícil comprovar plágio de um lado ou do outro. A cronologia é turva, e a maquiagem, nesse caso, pode ter surgido de
forma paralela, alimentada por contextos culturais e visuais distintos.
No fim das contas, o que fica é a contribuição artística de ambos os grupos — cada um à sua maneira, revolucionando o palco com música, atitude e rostos pintados.
Siga a Agência Paparazzi Brasil nas redes sociais:
Instagram | Twitter | YouTube | Facebook | TikTok
Todas as fontes de informação foram verificadas pelo Portal Paparazzi Brasil.
COMENTÁRIOS